No início do primeiro trimestre de 2020, fomos surpreendidos com uma doença nova: COVID-19. Essa doença diagnosticada inicialmente na China no final de 2019, espalhou-se rapidamente ao longo do mundo, causando mortes devido sua elevada virulência. Numa situação descrita pela OMS (Organização Mundial de Saúde) como “pandemia” pela COVID-19, uma doença que acomete principalmente o pulmão por ação de um vírus, o SARS-Cov-2. E, em 30% dos casos, adoece o sistema nervoso.
Desde então, governos decretaram estado de calamidade pública com o fechamento do comércio, escolas, fábricas, aeroportos e espaços públicos, e até mesmo, o fechamento do trânsito público de pessoas. Em casos mais drásticos foi decretado o chamado lockdown, cuja tradução direta do inglês significa “bloqueio total” ou “confinamento” para evitar a disseminação do novo coronavírus, ou mais precisamente, do SARS-Cov-2, causador da COVID-19.
Pessoas que anteriormente frequentavam espaços sociais, como academias, restaurantes, universidades, praças, shopping centers ou clubes foram subitamente proibidas de desenvolver estas atividades, passaram a permanecer confinadas em casa com familiares, ainda assim, correndo o risco de adoecerem por algum tipo de contato com o novo coronavírus de forma indireta e, em situações mais graves, chegarem a óbito. Todas estas mudanças no cotidiano das pessoas, confinadas, podem provocar uma piora de dores crônicas preexistentes, inflamações de pele, alergias e quadros de ansiedade/depressão em boa parte destes indivíduos, mesmo sem estar acometidos por COVID-19.
Não podemos nos esquecer que, não apenas os adultos, mas as crianças e os idosos são alvos de doenças psicológicas provocadas pelo confinamento domiciliar devido a COVID-19. Estas crianças foram impedidas de frequentarem escolas ou espaços de lazer, assim como os idosos. Estes, impedidos também de frequentar clínicas médicas e hospitais. Por receio de adquirirem o novo coronavírus, muitos idosos estão acometidos por doenças passíveis de tratamento, como por exemplo, o acidente vascular cerebral e o infarto agudo do miocárdio.
Os problemas de saúde mental decorrentes da pandemia pela COVID-19 são bem alarmantes. A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) identificou com base em seus psiquiatras cadastrados e entrevistados (cerca de 90% ) que existe uma piora dos sintomas psiquiátricos nos pacientes sob seus cuidados devido a pandemia do COVID-19, não apenas pela preocupação de adquirirem a doença, mas também pelo isolamento social compulsório que visa não disseminar a doença, e que consequentemente, pode estar causando problemas na economia do país, iniciando uma onda de desemprego, uma vez que não existe ainda uma medida de proteção efetiva como a vacinação, apenas se utilizando do isolamento social como forma de contenção.
Em outros países como a Espanha foi registrado pela Sociedade Espanhola de Medicina Dentária do Sono que a ansiedade causada pela existência da pandemia COVID-19, como também pela restrição social, causou estresse importante nos espanhóis, gerando outros distúrbios não só psiquiátricos, mas também distúrbios do sono: bruxismo, dor na região da mandíbula e dor de cabeça. Essa alteração do sono, interfere sobretudo no ritmo circadiano, ou seja, interfere no relógio biológico do ciclo sono-vigília.
A partir de então, pode-se vir a ocasionar repercussões inclusive na produção de hormônios e de neurotransmissores produzidos durante o sono. Quando não se realiza a higiene das emoções ao dormirmos, ocorre um padrão vicioso de piora da ansiedade atrapalhando o sono, ou vice-versa, inclusive causando um sono atormentado, seja por pesadelos ou movimentos involuntários dos braços, das pernas ou até mesmo, a emissão de palavras desconexas.
Além dos distúrbios da saúde mental e respiratória, outras afecções tornaram-se presentes neste período de pandemia da COVID-19. Doenças dermatológicas entraram no cenário das pessoas em época de pandemia: a dermatite. Com as precauções (quase que excessivas e exaustivas) na lavagem das mãos, surgiram irritações de pele e ressecamento devido aos produtos utilizados, tais como álcool ou sabão dos mais variados tipos, sem esquecer da acne, problemas de cicatrização, queda de cabelo e olheiras provocados pela alteração do cortisol (reflexo do estresse/ansiedade).
A ansiedade ou a depressão vivida nesta situação de epidemia mundial pelo novo coronavírus piorou os casos de dermatite seborreica (“caspa”), afetando em algumas situações as bochechas, bordas do nariz e pálpebras.
Existem pessoas mais propícias a estas comorbidades do que outras, não havendo como distinguir quais serão as atingidas por estas alterações. Fato que devemos trabalhar o problema e não deixá-lo tomar conta de nossas vidas. O medo intenso tende a afetar o sistema imunológico, propiciando várias outras doenças. O medo precisa existir, faz parte inclusive da nossa vida, mas em excesso pode atrapalhar a saúde mental e física.
Não podemos esquecer que o medo é algo instintivo, presente inclusive em animais irracionais, cuja função é basicamente propiciar uma resposta a uma possível situação de risco. Trata-se de uma resposta reflexa, um mecanismo de “fuga” adrenérgica com liberação de sangue para musculatura, dilatação pupilar para melhor percepção do ambiente em geral. Posteriormente, após esta descarga de adrenalina, surge a liberação de cortisol, tudo isso gasta energia que muitas vezes seriam direcionadas para o sistema imunológico. Portanto, a situação de estresse crônica aliada a uma baixa imunidade propicia outras doenças infecciosas ou autoimunes.
O medo excessivo gerado pela sensação de possível doença (de familiares, o medo de ficar desempregado e não conseguir atravessar a crise financeira) desencadeia doença psiquiátrica ou orgânica que necessita de tratamento específico.
O processo pandemia COVID-19-ansiedade-medo pode ocasionar variadas manifestações graves de doenças psiquiátricas e se não tratadas de forma adequada por profissionais (medicamentos ou psicoterapia) pode culminar até mesmo em suicídio devido ao quadro de ansiedade/depressão aguda e severa.
É importante lidarmos com o medo neste contexto de COVID-19. Podemos utilizar de alguns artifícios, como praticar exercícios físicos (adaptados e dentro de casa), procurar meditar ou realizar orações, manter convívio com amigos e familiares através de redes sociais ou video conferências, mas evitar possíveis excessos, seja em computador, seja no hábito de fumar ou ingerir bebidas alcóolicas, promover a higiene do sono (dormir e acordar de forma rotineira no mesmo horário), evitar notícias alarmantes, tendenciosas ou falsas.
Não há dúvida que após este período de pandemia COVID-19, persistirão efeitos deletérios na saúde mental de muitos envolvidos, seja em pessoas que adoeceram ou não com a COVID-19, seja em pessoas que ficaram em confinamento ou não. Fato é que muitas pessoas sofrerão por tempo indeterminado em sua saúde mental.
Quando falamos que essa tríade confinamento-ansiedade-medo na COVID-19 pode afetar o corpo, referimo-nos também a alterações cardiovasculares do tipo taquicardia, aumento da pressão arterial e consequente infarto do miocárdio.
O presidente da Fundação Espanhola do Aparelho Digestivo (FEAD), o médico Federico Argüelles Árias, refere que o sistema digestivo é muito suscetível às mudanças em nosso cotidiano. A associação deste evento estressor, aliado ao sedentarismo e o mau hábito alimentar, pode provocar vários sintomas desde diarréia ou constipação, hemorróidas, ou mesmo dor e distensão abdominal (a Síndrome do Intestino Irritável).
Quando pensamos nas alterações neurocirúrgicas advindas do confinamento pela pandemia COVID-19, ressaltamos que as posturas inadequadas, seja no sofá ou na cadeira para assistir televisão por longos períodos pode produzir dor na coluna lombar ou dorsal, ainda mais considerando que que o confinamento não há previsão de data para o término.
Não podemos esquecer que neste momento tratamentos e investigações para doenças cérebro-vasculares são deixados de lado, muitas vezes por medo do paciente buscar auxílio médico, temendo adquirir COVID-19 ou por falta de acesso ao sistema de saúde devido a saturação de vagas direcionadas aos pacientes com COVID-19.
Doenças crônicas causadoras de dor tendem a piorar, como por exemplo a Fibromialgia e as Cefaléias. É de amplo conhecimento que as crises de fibromialgia tendem a se exacerbar em situações de estresse emocional, assim como, o estresse causado pela pandemia COVID-19 pode piorar as cefaléias tensionais.
Alteração oftalmológica pode existir, pois o teletrabalho (home office) na tela de computador, video conferências ou mesmo o ato de assistir filmes e séries em demasia causam fadiga visual, gerando sensação de ardor e ressecamento visual.
Saúde da Mulher, toda esta cascata de ansiedade, causando alterações do humor e variações dos hormônios femininos interferem no ciclo menstrual, ou até mesmo provocando infecções tipo candidíase (devido a alteração da imunidade), assim como, pode piorar os sintomas da endometriosis.
Carol H. Yan MD, Farhoud Faraji MD PhD, Divya P. Prajapati BS, Benjamin T. Ostrander MD, Adam S. DeConde MD. Self-reported olfactory loss associates with outpatient clinical course in Covid-19.
Com especialização em neurocirurgia pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), o Dr. Paulo Wagner Linhares Filho vem se dedicando ao estudo das patologias raqui-medulares/coluna vertebral, dos nervos periféricos, tumores de crânio e de medula. O especialista possui ainda amplo conhecimento das técnicas para o tratamento de dores de difícil controle. Caso deseje conferir o currículo completo do especialista, clique aqui: http://gustavopinheiro.net/pw/dr-paulo-wagner.
Especializado no tratamento de enfermidades que afetem a coluna vertebral, o crânio ou os nervos periféricos, o neurocirurgião Dr. Paulo Wagner Linhares Lima Filho utiliza técnicas modernas, seguras e precisas. Tem alguma dúvida sobre um possível diagnóstico ou gostaria de mais informações sobre cefaléia hípnica? Clique neste link (gustavopinheiro.net/pw/pre-agendamento) e agende sua consulta com o especialista. O neurocirurgião fará uma avaliação completa de seu caso, realizando exames físicos, consultando seu histórico clínico e, caso necessário, solicitará exames complementares para tornar o diagnóstico ainda mais preciso.