O QUE É A DISLEXIA?

A Dislexia é um transtorno específico de aprendizagem que afeta as habilidades de leitura, escrita e soletração. Não está relacionada à inteligência ou falta de esforço, mas sim a dificuldades no processamento das informações sonoras da linguagem, o que afeta a fluência na leitura e a compreensão de textos.

A dislexia é uma condição neurodesenvolvimental, ou seja, está presente desde o nascimento e acompanha a pessoa por toda a vida. Com diagnóstico precoce e intervenções adequadas, é possível desenvolver estratégias eficazes para lidar com as dificuldades de aprendizado.

QUEM PODE SER ACOMETIDO PELA DISLEXIA?

A dislexia pode afetar qualquer pessoa, independentemente de idade, gênero, etnia ou condição socioeconômica. No entanto, existem alguns fatores de risco, como:

• Histórico Familiar: A dislexia é altamente hereditária, sendo comum em pessoas com parentes próximos (pais ou irmãos) que também apresentam dificuldades de leitura ou escrita;
• Fatores Genéticos e Neurobiológicos: Alterações na estrutura e funcionamento de áreas do cérebro responsáveis pelo processamento da linguagem;
• Ambiente Escolar: Dificuldades podem ser agravadas em ambientes escolares que não oferecem suporte educacional adequado.

Estima-se que cerca de 5% a 10% da população mundial apresente algum grau de dislexia, sendo mais frequentemente diagnosticada em meninos do que em meninas.

TIPOS DE DISLEXIA

Existem diferentes tipos de dislexia, dependendo das áreas específicas de dificuldade:

1. Dislexia Fonológica:

• Dificuldade em decodificar os sons das letras e sílabas, afetando a leitura de palavras desconhecidas;
• Problemas para segmentar palavras em sons menores (fonemas).

1. Dislexia Visual (Superficial):

• Dificuldade em reconhecer palavras inteiras à primeira vista, afetando a fluência na leitura;
• Confusão com palavras de grafia semelhante (ex: “casa” e “casa”).

1. Dislexia Mista (Profunda):

• Combinação de dificuldades fonológicas e visuais, resultando em erros de leitura complexos;
• Problemas para reconhecer palavras comuns e para decodificar palavras novas.

1. Disgrafia (associada à dislexia):

• Dificuldade na escrita, resultando em caligrafia ilegível, erros ortográficos frequentes e lentidão na produção de textos.

PRINCIPAIS SINTOMAS DA DISLEXIA

Os sintomas da dislexia variam conforme a idade e a intensidade do transtorno, mas geralmente incluem:

1. Na Educação Infantil (Pré-escola):

• Atraso na fala ou dificuldade em pronunciar palavras;
• Dificuldade em aprender rimas ou músicas;
• Problemas para lembrar o nome das letras e números;
• Dificuldade em aprender novas palavras e formar frases completas.

1. Na Idade Escolar (Ensino Fundamental e Médio):

• Dificuldade em aprender a ler e escrever, mesmo com instrução adequada;
• Erros frequentes na leitura de palavras simples ou troca de letras (ex: “p” por “q”);
• Dificuldade na ortografia, com erros inconsistentes;
• Leitura lenta e com baixa fluência, afetando a compreensão do texto;
• Dificuldade em copiar da lousa ou em organizar informações escritas;
• Problemas com matemática, especialmente na compreensão de problemas escritos.

1. Na Adolescência e Idade Adulta:

• Leitura lenta e trabalhosa, evitando ler em voz alta;
• Dificuldade na escrita, com erros gramaticais e ortográficos persistentes;
• Problemas de organização e gestão do tempo, afetando o desempenho acadêmico e profissional;
• Dificuldade em aprender novos idiomas;
• Memória fraca para palavras ou informações verbais.

1. Sintomas Emocionais e Comportamentais:

• Frustração, baixa autoestima e ansiedade escolar;
• Desmotivação e evasão escolar, devido às dificuldades persistentes;
• Dificuldades sociais, como isolamento ou problemas de comportamento.

COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO DE DISLEXIA?

O diagnóstico da dislexia é multidisciplinar. O processo de avaliação inclui:

1. Avaliação Clínica Completa:

• Feita por equipe multidisciplinar;
• Entrevista detalhada com os pais/cuidadores e a criança para entender o histórico de desenvolvimento, aprendizado e comportamento;
• Análise do desempenho escolar, com relatórios de professores e educadores.

1. Testes Padronizados de Avaliação:

• Testes de Leitura e Escrita: Para avaliar a fluência, precisão e compreensão de textos;
• Testes de Consciência Fonológica: Para verificar a habilidade de segmentar e manipular sons das palavras;
• Testes Neuropsicológicos: Avaliação de habilidades cognitivas, como memória de trabalho, atenção e processamento auditivo.

1. Critérios de Diagnóstico:

• Dificuldades persistentes em leitura e escrita, mesmo após intervenção educacional adequada;
• Os sintomas devem estar presentes desde os primeiros anos escolares e não serem causados por deficiências sensoriais (como problemas de visão ou audição), intelectuais ou emocionais.

EXAMES COMPLEMENTARES

Embora não existam exames laboratoriais específicos para diagnosticar a dislexia, alguns testes complementares podem ser recomendados para descartar outras condições:

• Avaliação Auditiva e Visual: Para excluir problemas sensoriais que possam afetar a leitura;
• Exames Neurológicos: Para descartar condições neurológicas que possam interferir na aprendizagem;
• Imagem Cerebral (Ressonância Magnética Funcional):Utilizada em pesquisas para estudar padrões de ativação cerebral, mas não é rotineiramente utilizada no diagnóstico clínico.

TIPOS DE TRATAMENTO PARA DISLEXIA

A dislexia não tem cura, mas com intervenções adequadas, é possível melhorar significativamente as habilidades de leitura e escrita. O tratamento é multidisciplinar e personalizado, incluindo:

1. Intervenções Educacionais Especializadas:

• Métodos Multissensoriais: Utilizando abordagens que combinam visão, audição e movimento para ensinar leitura e escrita (ex: Método Orton-Gillingham);
• Ensino Estruturado e Explícito: Com foco na consciência fonológica, decodificação e fluência na leitura;
• Adaptações Escolares: Como tempo estendido para provas e uso de tecnologia assistiva (audiolivros e softwares de leitura).

1. Terapia Fonoaudiológica:

• Para melhorar as habilidades de processamento fonológico e linguagem oral;
• Desenvolvimento da consciência fonêmica e fluência na leitura.

1. Intervenção Psicopedagógica:

• Orientação educacional para desenvolvimento de estratégias de estudo e organização;
• Apoio na autoestima e motivação escolar.

1. Apoio Psicossocial e Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC):

• Para lidar com os impactos emocionais, como ansiedade e baixa autoestima;
• Desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais.

1. Suporte Familiar e Escolar:

• Orientação para pais e professores, promovendo um ambiente de apoio e inclusão;
• Participação ativa da escola no processo de aprendizado e adaptação pedagógica.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A dislexia é uma condição tratável, e o diagnóstico precoce é fundamental para o sucesso educacional e emocional. Se você suspeita que seu filho ou filha apresenta sintomas de dislexia, procure ajuda de um profissional.