O que é Síndrome de Tourette?

A Síndrome de Tourette (ST) é um transtorno neurológico caracterizado pela presença de tics motores e vocais involuntários, que são movimentos ou sons súbitos, rápidos, recorrentes e não ritmados. Os tics variam em tipo, intensidade e frequência, podendo ser simples ou complexos.

A Síndrome de Tourette inicia-se na infância, geralmente entre os 5 e 10 anos de idade, e é mais comum em meninos do que em meninas. Os tics tendem a aumentar durante a adolescência e diminuir na idade adulta.

Importante: Embora a Síndrome de Tourette não tenha cura, tratamento adequado, suporte emocional e estratégias comportamentais podem ajudar a controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida.

Características dos Tics na Síndrome de Tourette

1. Tics Motores Simples:

• Movimentos rápidos, bruscos e involuntários que envolvem apenas um grupo muscular.
• Exemplos: Piscar os olhos, mexer o nariz, encolher os ombros, movimentos da cabeça, caretas.

2. Tics Motores Complexos:

• Sequências coordenadas de movimentos que parecem intencionais, mas são involuntários.
• Exemplos: Saltos, tocar objetos, girar o corpo, movimentos de automutilação (como bater na cabeça).

3. Tics Vocais Simples:

• Sons curtos, repetitivos e involuntários.
• Exemplos: Tosse, pigarros, grunhidos, assobios, estalos de língua, sons guturais.

4. Tics Vocais Complexos:

• Palavras, frases ou expressões repetitivas.
• Exemplos: Palavrões (coprolalia), repetição de palavras próprias (palilalia) ou alheias (ecolalia).

Observação:

• Os tics aumentam em situações de estresse, ansiedade, cansaço ou excitação.
• Eles diminuem durante a concentração intensa (como ler ou jogar) e desaparecem durante o sono.
• Os tics são precedidos por uma sensação premonitória, como coceira ou tensão, que é aliviada após o movimento ou som.

Causas e Fatores de Risco

A causa exata da Síndrome de Tourette não é conhecida, mas acredita-se que envolva uma combinação de fatores genéticos, neurológicos e ambientais.

1. Fatores Genéticos e Hereditariedade:

• Histórico familiar de Síndrome de Tourette ou transtornos de tics.
• Mutação genética ainda não identificada, mas com herança multifatorial complexa.
• Alta concordância em gêmeos idênticos, sugerindo forte componente genético.

2. Alterações Neurológicas e Neuroquímicas:

• Disfunção nos gânglios da base, responsáveis pelo controle motor.
• Desequilíbrio neuroquímico, especialmente nos neurotransmissores dopamina, serotonina e GABA.
• Hiperatividade dopaminérgica, levando a movimentos involuntários.

3. Fatores Ambientais e Imunológicos:

• Infecções estreptocócicas (PANDAS), que podem desencadear ou agravar os tics.
• Complicações na gravidez, como estresse materno, prematuridade ou baixo peso ao nascer.
• Fatores psicossociais, como estresse, ansiedade e trauma emocional.

Sintomas da Síndrome de Tourette

Além dos tics motores e vocais, a Síndrome de Tourette pode estar associada a outros sintomas neuropsiquiátricos, incluindo:

1. Sintomas Comportamentais e Emocionais:

• Impulsividade e dificuldade em controlar impulsos.
• Comportamento obsessivo-compulsivo (associado ao TOC).
• Irritabilidade, agressividade e mudanças de humor.
• Ansiedade, depressão e baixíssima autoestima devido ao estigma social.
• Sensibilidade à rejeição e dificuldade em lidar com críticas.

2. Sintomas Cognitivos e Funcionais:

• Déficit de atenção e dificuldade de concentração.
• Dificuldade na organização e planejamento de tarefas.
• Desempenho escolar abaixo da média devido à distração e dificuldade de foco.

3. Transtornos Associados:

• Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC): Pensamentos intrusivos e comportamentos repetitivos.
• Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).
• Transtornos de Ansiedade, incluindo transtorno de ansiedade generalizada e fobia social.
• Transtornos de Aprendizagem e dificuldades escolares.

Diagnóstico da Síndrome de Tourette

O diagnóstico é feito com base em:

• Histórico Clínico Completo: Investigação dos sintomas, início dos tics, padrão de frequência e intensidade.
• Critérios Diagnósticos do DSM-5:
• Presença de múltiplos tics motores e pelo menos um tic vocal, não necessariamente simultâneos.
• Duração superior a um ano, com início antes dos 18 anos.
• Oscilação na frequência, tipo e intensidade dos tics.
• Ausência de causa médica ou uso de substâncias que justifiquem os sintomas.
• Exame Neurológico e Psicológico: Para excluir outras condições neurológicas e emocionais.
• Exames Complementares (se necessário):
• EEG (Eletroencefalograma): Para descartar epilepsia.
• Ressonância Magnética (RM) do Cérebro: Para excluir lesões estruturais.
• Avaliação Neuropsicológica, incluindo testes de atenção, memória e funções executivas.

Tratamento da Síndrome de Tourette

Embora não haja cura para a Síndrome de Tourette, o tratamento visa reduzir os sintomas, melhorar a funcionalidade social e melhorar a qualidade de vida. Inclui:

1. Tratamento Psicoterapêutico:

• Terapia Comportamental Cognitiva (TCC): Para controle de impulsos, ansiedade e comportamento social.
• Terapia Comportamental de Reversão de Hábitos (HRT): Para substituir tics por comportamentos alternativos.
• Terapia de Exposição e Prevenção de Respostas (ERP): Para reduzir a ansiedade associada aos tics.

2. Medicamentos:

• Antipsicóticos atípicos (como Aripiprazol e Risperidona) para reduzir a frequência e intensidade dos tics.
• Bloqueadores dopaminérgicos, como Pimozida e Haloperidol, em casos graves.
• ISRS (Inibidores Seletivos de Recaptação de Serotonina), como Fluoxetina, para tratar ansiedade e TOC.
• Estimulantes (Metilfenidato) para TDAH associado.

3. Intervenções Psicossociais:

• Educação sobre a Síndrome de Tourette para o paciente, família e escola.
• Grupos de apoio para compartilhar experiências e estratégias de enfrentamento.
• Apoio escolar e acomodações educacionais, como tempo extra para testes.

Conclusão

A Síndrome de Tourette é um transtorno neurológico complexo, mas com diagnóstico precoce, intervenção terapêutica adequada e suporte emocional, é possível reduzir os tics, melhorar as habilidades sociais e a qualidade de vida.cionais e apoio adequado, é possível melhorar o desempenho escolar e promover a inclusão educacional.