Transtorno Somatoforme: Causas, Sintomas, Diagnóstico e Tratamento

Os Transtornos Somatoformes são um grupo de condições psiquiátricas caracterizadas pela presença de sintomas físicos persistentes, como dor, fadiga, problemas gastrointestinais e dificuldades neurológicas, sem uma causa médica aparente

O que é Transtorno Somatoforme?

Os Transtornos Somatoformes são um grupo de condições psiquiátricas caracterizadas pela presença de sintomas físicos persistentes, como dor, fadiga, problemas gastrointestinais e dificuldades neurológicas, sem uma causa médica aparente. Esses sintomas causam sofrimento significativo e prejuízo na vida social, ocupacional e emocional do indivíduo.

Embora os sintomas sejam reais e angustiantes, não há explicação médica suficiente para justificá-los, sugerindo uma origem psicológica. O foco excessivo nos sintomas físicos e a preocupação constante com a saúde são características predominantes.

Importante: Os Transtornos Somatoformes não são fingimento ou simulação, mas sim uma manifestação psicológica genuína que afeta a saúde física.

Classificação dos Transtornos Somatoformes (DSM-5)

O DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) classifica os Transtornos Somatoformes como Transtornos de Sintomas Somáticos e Transtornos Relacionados. Incluem:

1. Transtorno de Sintomas Somáticos (TSS):

  • Presença de um ou mais sintomas físicos que causam angústia significativa.
  • Preocupação excessiva com os sintomas, incluindo pensamentos catastróficos sobre a saúde.
  • Comportamentos repetitivos, como consultas médicas frequentes e exames desnecessários.
  • Os sintomas não têm explicação médica suficiente ou são desproporcionais em relação a uma condição médica existente.

2. Transtorno de Ansiedade de Doença (Hipocondria):

  • Preocupação excessiva em ter uma doença grave ou com a possibilidade de adoecer.
  • Sintomas físicos mínimos ou ausentes, mas com preocupação persistente.
  • Busca constante de exames médicos para tranquilização, ou evitação completa de cuidados médicos por medo de diagnóstico.
  • Ansiedade intensa em relação à saúde, causando prejuízo na vida social e ocupacional.

3. Transtorno de Conversão (Transtorno de Sintomas Neurológicos Funcionais):

  • Sintomas neurológicos inexplicáveis, como paralisia, tremores, cegueira, surdez, ou convulsões não epilépticas.
  • Sintomas não compatíveis com doenças neurológicas conhecidas.
  • Início súbito em resposta ao estresse psicológico ou conflitos emocionais.
  • Indiferença emocional (La belle indifférence) em relação aos sintomas.

4. Transtorno de Dor Psicogênica:

  • Dor intensa e persistente sem causa médica suficiente.
  • Preocupação excessiva com a dor, levando a comportamentos de busca de alívio.
  • A dor causa prejuízo significativo na funcionalidade social e ocupacional.
  • Componente psicológico predominante, como estresse ou trauma emocional.

5. Transtorno de Dismorfia Corporal (TDC):

  • Preocupação excessiva com defeitos físicos mínimos ou imperfeições inexistentes.
  • Comportamentos repetitivos, como checagem no espelho, camuflagem (uso excessivo de maquiagem) ou comparação com os outros.
  • Busca frequente de procedimentos estéticos sem satisfação duradoura.
  • Angústia intensa e prejuízo na autoestima e funcionalidade social.

Causas e Fatores de Risco

Os Transtornos Somatoformes resultam de uma combinação complexa de fatores psicológicos, biológicos e sociais. Incluem:

1. Fatores Psicológicos:

  • Transtornos de ansiedade, especialmente ansiedade generalizada e transtorno de pânico.
  • Transtornos depressivos, que podem amplificar a percepção da dor e do desconforto físico.
  • Experiências traumáticas na infância, como abuso físico, emocional ou negligência.
  • Estratégias de enfrentamento disfuncionais, como a tendência de catastrofização.
  • Personalidade hipocondríaca ou tendências perfeccionistas.

2. Fatores Biológicos:

  • Alterações na percepção da dor e sensibilidade aumentada ao desconforto físico.
  • Desequilíbrios neuroquímicos, como alterações na serotonina e dopamina.
  • Disfunção no eixo HPA (Hipotálamo-Pituitária-Adrenal), associado à resposta ao estresse.

3. Fatores Sociais e Ambientais:

  • Histórico familiar de transtornos somatoformes ou doenças crônicas.
  • Influências culturais, como normas sociais sobre doença e saúde.
  • Modelos comportamentais, como observar um cuidador preocupado com doenças.
  • Reforço social, como atenção excessiva e cuidados ao relatar sintomas físicos.

Diagnóstico dos Transtornos Somatoformes

O diagnóstico é feito com base em:

  • Histórico Clínico Completo: Investigação dos sintomas físicos, histórico médico, eventos estressores e histórico familiar de transtornos somatoformes.
  • Exames Médicos e Laboratoriais: Para descartar causas orgânicas e confirmar que não há condições médicas subjacentes.
  • Entrevista Clínica Psiquiátrica: Avaliação dos pensamentos catastróficos, comportamentos de busca de cuidados médicos, e impacto emocional dos sintomas físicos.
  • Critérios Diagnósticos do DSM-5:
  • Presença de sintomas físicos angustiantes por mais de seis meses.
  • Preocupação excessiva com a gravidade dos sintomas.
  • Comportamentos repetitivos, como consultas médicas frequentes e exames desnecessários.
  • Impacto significativo na funcionalidade social e ocupacional.
  • Avaliação Psicológica: Utilização de questionários e escalas, como:
  • Escala de Somatização de SCL-90.
  • Questionário de Saúde do Paciente (PHQ-15).
  • Inventário de Ansiedade de Doença (IAS).

Tratamento dos Transtornos Somatoformes

O tratamento é multidisciplinar, incluindo intervenções psicológicas, medicamentos e educação psicossocial.

1. Psicoterapia:

  • Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC):
  • Para modificar pensamentos catastróficos e comportamentos de busca de cuidados médicos.
  • Treinamento em técnicas de relaxamento e controle da ansiedade.
  • Reestruturação cognitiva para alterar crenças disfuncionais sobre doenças.
  • Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT): Para ajudar na aceitação dos sintomas sem catastrofização.
  • Terapia Psicodinâmica: Para explorar conflitos emocionais e traumas subjacentes.

2. Medicamentos:

  • Antidepressivos (ISRS), como Sertralina e Fluoxetina, para reduzir a ansiedade e a percepção da dor.
  • Ansiolíticos, como Buspirona, para o controle da ansiedade generalizada.
  • Estabilizadores de Humor, como Duloxetina, especialmente em Transtorno de Dor Psicogênica.

3. Intervenções Psicossociais:

  • Educação emocional para pacientes e familiares.
  • Grupos de apoio para compartilhar experiências.

Conclusão

Os Transtornos Somatoformes afetam profundamente a vida do indivíduo, mas com diagnóstico precoce e tratamento adequado, é possível melhorar a qualidade de vida e reduzir o sofrimento emocional.
diagnóstico precoce e tratamento adequado, é possível melhorar relacionamentos, funcionalidade social e qualidade de vida.

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